segunda-feira, 27 de agosto de 2007

"SORRISO DE PALHAÇO"

SORRISO DE PALHAÇO)

Continuar o caminho!
eu tenho de seguir em frente
sem asas para voar
sem as mãos do carinho
sem os olhos para ver

continuar a ser!
carregando a dor do aborto
dum parto fora do tempo
dum Sol espencado e morto

Eu tenho de seguir em frente
contra o tempo
contra o vento
até contra o sentimento
ao encontro da Lua
da Lua cheia da vida
da vida cheia da morte

eu tenho de sorrir
mostrar o meu palhaço
continuar o espectáculo

EU VOU CONSEGUIR?

sábado, 25 de agosto de 2007

"CANTO A LISBOA"

"CANTO A LISBOA"

Lisboa
se vestiu de Rio, languidamente
sensual! tortuosa! brilhante!

Bate o Sol na Mouraria
faz sombra no Bairro Alto,
porque a festa é no Rossio!

Lisboa se vestiu de Rio
na franja do frio
dos embandeirados
barcos no Tejo.


há fumos! há cheiros na brisa
perfumes de namorados

Lisboa,
Coberta de luzes
qual manto de lantejoulas
na Rua do Capelão
Marinheiros soltam amarras
e as varinas o pregão
juntamente... os seus amores

Tomando café na Ribeira
entre um buquê de flores,

Lisboa chora!
Lisboa canta !
Lisboa Ri!

se esfuma no canto do Rio
comendo castanhas assadas
em cada final do dia,

Lisboa de mãos-dadas
apaixonadamente!

"ÓPIO ANGUSTIADO"

*

"ÓPIO ANGUSTIADO"


Queria
fazer acontecer
meu desejo sonhado
algures por entre as noites
gritadas da tua ausência,

Porém
o mesmo levantar de cada dia
esperando o inverosímil
conformismo insatisfeito.

o mesmo ópio angustiado
em cada despertar

e,
apesar de tudo
como um viciado...

Inalo em cada dia
o mesmo néctar embriagador
e a esperança renascida

rotinadamente esquartejada.

luizacaetano

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

"DEDOS DE CHUVA

"DEDOS DE CHUVA"

Sou dona dos carinhos
dos olhos e das mãos
das algas e dos cabelos
que cantam dentro de mim,

Sou dona da chuva e do vento,
dos caminhos e dos sonhos
das pérolas por garimpar

algures para além do mar...


Tudo o que tenho não cabe
no meu frágil coração

por entre os dedos da areia
despudoradamente vagueia
um sangue de solidão.

luizacaetano

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

" S A U D A D E S"

"S A U D A D E S"

Olho à volta
e não te vejo!

nem a penumbra
nem o ensejo

nem uma asa no horizonte
A distância é um compasso na curva do meu abraço!

A distância é tão longe!
Tão longe que perde a esperança
no cansaço de cada dia, na cruz do alvorecer!

Vou embora de mim, vou ser monge
num retiro do Tibete vou reaprender a Ser
dona da minha vontade

Deitar fora esta Saudade
que me está suicidando

Olho à volta... não te vejo
nem a penumbra, nem o ensejo

Nem uma asa no horizonte
Minha boca é uma sede! minha alma é uma fonte!

"ANSIOSAMENTE"

*
"ANSIOSAMENTE"

Ansiosamente te espero
no útero das minhas angústias.

Rói-me a alma!
Amarga-me a boca
em cada barco que parte
acenando a dor da tua ausência.

Vou e venho em cada maré
e os equinócios
não trazem notícias,

nem madrugadas
enfeitadas de algas.

Retorno ao refúgio
branco das palavras
tristemente amordaçadas

aguardando
o porto dos regressos
impacientemente
como uma ave de rapina.

luizacaetano


quinta-feira, 16 de agosto de 2007

"SERPENTE EMPLUMADA"

SERPENTE EMPLUMADA"

Na serena
gaveta do poeta,
a serpente erguida
em armada espoleta.

Toque de pedra!
Roçar de gato!
Ardósia riscada
Letras pressentidas

Jogo de palavras!
Violadas! Batidas!

Riso!
Risco!
ou
Ritual

O gato mia !
A gaveta chia!
A bofetada sofre !
A palavra liberta
da serpente o veneno!

O poeta chora
falivelmente pequeno.

(Luiza caetano)

"ADEUS MEU AMOR"

Depois
quando tudo se acabar
o Sol desaparecer
e a
Lua não espargir
mais Luar,

Depois
da emoção
suicidada
No coração,

Depois
do Adeus
e
das lágrimas!

Depois,
muito depois...
Quando nós
já não formos dois

escavarei o túmulo
com as próprias mãos,
Farei uma orgia
com os de vermes

Antes,
muito antes
do depois...

te escreverei uma carta
a
dizer
Adeus
Meu AMOR

"VAZIO REDONDO"

"VAZIO REDONDO"

Há um vazio redondo
que fere o silêncio e os gritos
como escarpas estilhaçadas ...

Há um abismo redondo
na poeira dos meus passos
um precipício de mêdo
tecido na rotina dos dias...

Há um esgar de ausência
em cada noite encostado
como se esperasse
um pássaro por amanhecer...

Um cansaço de acuçenas
amarelecidas pelo tempo
sangrando as esperas na arena,

as Primaveras, subitamente feridas,
se extinguem num vazio redondo
como um grito contra o muro.

luizacaetano

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

"PISTA DE SÊDA"

"VINHA DE OUTRAS ENCARNAÇÕES?"

Era uma pista de sêda
vestida de carmezim!
Era um cheiro de Rosa,
camuflado de alecrim,
Era um caminho cruzado-cruzado em marfim.
Era príncipio, era fim!
Era nascer e morrer nas esquinas de cada início!
Era virgem! Era vício...

Dizem que vinha de outras encarnações.
Das fogueiras malditas da inquisição!
que era bruxa! feiticeira!
Princesa, Raínha ou amante do Rei.
Dizem... que foi um amor proíbido, amaldiçoado,
castigado na fogueira!
Dizem que os gritos ecoavam
por toda a cidade.

Dizem...

lCaetano.
Boa semana, beijos.

"L U A 2

*
" L U A "

Noite após noite
lhe conto os quartos
e as metades fulvas
como orgias em regaços sonhados

Te assemelhas por vezes
a uma barca perdida
inclinadamente esquecida
no céu de todas as estrelas

Ou
a um espelho reflector
assustando
os lobos! os cães e os homens
em noites de flancos escondidos

Raínha iluminadamente voraz
na minha cama de linho incendiada
Estertor da cada alvorecer

Desde o nascer ao morrer
divinamente prateada

luizacaetano


domingo, 12 de agosto de 2007

"PERDOA, MEU AMOR"

Perdoa,
Meu Amor
a invasão
no campo do teu sentimento!
Perdoa...

Perdoa, esta paixão
este tormento
Meu Amor,

esta proíbida guerra
de te querer...

Não inventei a bandeira
Nem passei a fronteira
sem saber
d`Essa Ilha secreta
tão perto
e
tão distante...
Meu Amor
Amante!

As cordas
dessa ponte
todos os dias
me levam para Ti!
Todos os dias
Te levam de mim!

São amarras!
São nós
que nos unem
nos deixando... sós!

Perdoa
Meu Amor
o Rio
caudaloso
que no meu peito
fizeste nascer!

Perdoa
Meu Amor
esta felicidade
que todos os dias
me faz sofrer...

Perdoas?

"PAÍS DE ABRIL"

MEU PAÍS DE ABRIL
O
Meu País
tem um Sol
pendurado
em cada janela,

Um imenso SOL AMARELO
jorrando
lágrimas
de esperança

O meu País
é uma Criança!

Acabada de nascer
tem um coração
do tamanho do mundo

Onde
tu cabes!
e
Tu!
e
Tu!

Tem uns braços
de afagos mil
pintados
de vermelho e verde

Meu País
é de ABRIL

onde a Primavera
é um colo
que te espera.

Porque esperas?

Vem!

"PAÍS DE ABRIL"

MEU PAÍS DE ABRIL
O
Meu País
tem um Sol
pendurado
em cada janela,

Um imenso SOL AMARELO
jorrando
lágrimas
de esperança

O meu País
é uma Criança!

Acabada de nascer
tem um coração
do tamanho do mundo

Onde
tu cabes!
e
Tu!
e
Tu!

Tem uns braços
de afagos mil
pintados
de vermelho e verde

Meu País
é de ABRIL

onde a Primavera
é um colo
que te espera.

Porque esperas?

Vem!

" U T O P I A S"

"U T O P I A S"

Pedaço a pedaço
me refaço,

Estátua de pedra
ofendida.

Os cães continuam ladrando
no céu da minha rua.

Em todos os caminhos
a viagem...

Tal como D. Quixote
luto contra os moínhos
em busca da utopia...

Rasgo no vento
as entranhas
com a espada de Lancelot.

Estátua de pedra ofendida
já não masturbo as flores
nem o orgasmo das rosas
nem na Tavola a magia...
da mesa que já não é redonda

Os Cavaleiros foram embora!

Os cães ladram lá fora!

luizaCaetanoJan/2007

sábado, 11 de agosto de 2007

MY DREAM

"MY DREAM"

Vou fugir para a Ilha!
Vou viver com Neruda!

Sentir o Mar
morrer a meus pés
e o Sol
todos os dias nos meus olhos.

Vou fugir para a Ilha,
plantar meus girassóis
e
aprender o voo dos pássaros.

Quando a noite chegar
desnuda de amor e mel
entre o silêncio dos sonhos
e os vislumbres de horizonte,

Riscarei de vermelhos
as fontes do meu poeta
entre uma Aleluia Erótica
e
um Bolero de Ravel.

(LuizaCaetano

"PALAVRAS MORDIDAS"

"PALAVRAS MORDIDAS"

Palavras
incompreendidas
mordidas uma a uma
ombro a ombro hesitantes
na constelação da bruma

a incerteza é uma adaga
de vários gumes

ferindo o rasto
dos peixes luminosos

os marinheiros
alçam as velas

e as velhas vestidas de negro
te aguardam
nas janelas brancas
cortinadas de vento

Porém a sombra duma ave
se recorta incerta
no horizonte

LuizaCaetano

"UMA ESTRELA EM MINHAS MÃOS"

UMA ESTRELA EM MINHAS MÃOS"

Neste íntimo torpor
em que tudo parece
estar
num fingimento de existir


a beleza se esvai
numa poalha de sonho

sem sentido ou existência
sem nada para acreditar

nem o estilhaçar
de um grito
contra a parede da indiferença

Espero, talvez
que uma estrela caia do céu
na concha das minhas mãos

luizacaetano

"BORBOLETAS"

"BORBOLETAS"

Pousam
em transparências
de Luz!

Irisdiscências
de cor!

Minúsculos seres
de Deus.

Tão poderosas!
Tão belas!
Tão precárias!

Como se nos trouxessem
uma lição de vida
na
sua passagem pela terra.

Belas!
Harmoniosas!
Etéreas!

Crisálido momento!
Voo de asa
cristalino!

Tão coloridas
e
Radiosas...

para logo
se esfumarem
num breve
destino

Apenas belo!

Apenas
e
fatalmente
efémero.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

SECRETAMENTE ESCONDIDO

*
"SECRETAMENTE ESCONDIDO"

Encontrei um cristal
na forma de todas as Luas
secretamente escondido

entre os lábios e a fruta!
entre o pólen e o fogo!

Alabastro de mãos nuas
nos solitários flancos do Sol

luizacaetano

terça-feira, 7 de agosto de 2007

"CONCEPÇÃO"

*
"CONCEPÇÃO"

O gesto que percorro
no barro das minhas mãos

como a lua que concebo
inatingível e bela

como o mar esventrando as praias
gritadas de silêncios

Os astros e as vozes
calarando o verbo
que outrora
cantava no beiral
das brancas janelas

No jardim,
a raíz perfura as flores

As formas que percorro
o barro das minhas mãos

o gesto que consinto
o amor que concebo

LuizaCaetano

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

AMOR DESENCONTRADO

"AMOR DESENCONTRADO"

Como poderei te perder
se nunca eu te encontrei

nem na fímbria dos sentidos
nem na geografia do corpo
meu barco de naufragar


Os rios não tinham margens
por onde corria a dor
nem a breve mágoa da água.

Não descobriste a cor
nem o odor do orvalho
no interior das ervas
nem o amor desperdiçado

Como poderia te encontrar
no vulcão de pedra malho

Minha raíz de ternura
meu tempo desencontrado
meu ódio minha amargura

LuizaCaetano

"MEU AMOR DE MIM"

**

"MEU AMOR DE MIM"

Bebo a água
bebo a mágoa
meu sangue de raiva a fluir

morango
de sol e de lua
minha ponte pronta a ruir

meu infiel amor
meu ramo
de urze quebrado

meu coração
de algodão
minha dor, flor de jasmim

Meu cais
meu porto de mim

luiza caetano

***

domingo, 5 de agosto de 2007

"GOSTO DE VIVER!

"GOSTO DE VIVER"


Viver,

é
provar
o gosto da chuva
no rosto molhado
da vida

e
sentir a Primavera
no cheiro da terra

É
saber
estrangular
o grito
em cada gargalhada

é
inventar um dia diferente
para cada dia igual

É fruír intensamente
cada emoção
como se fosse a última

É
sentir o vento
segredar-nos
a juventude
de estarmos vivos!

É
possuirmos
um punhado
de cristais
nas mãos vazias

luizacaetano

" S O N H O S"

"S O N H A R"


é ter a capacidade
de viver
heróicamente
a realidade!

É
ter ousadia e... inventar
um dia diferente em cada dia!

É
Fruir a emoção
o sentir
e a paixão
das coisas perdidas,

É
saber reinventá-las
pelo sonho,
pela alegria-magia
mesmo quando a vida
nos nega!
Mesmo quando a vida
nos prega
a partida e nos rouba
a vida sonhada...

Não deixes que te roubem
esse punhado de cristais
que se chamam
SONHOS!

luizacaetano

sábado, 4 de agosto de 2007

" M Ã O S "

" M Ã O S "

Falam as tuas mãos
mais,
muito mais do que os
teus lábios,

sabem a algas e a mar,

por isso me abandono
no colo dos teus abraços
e deixo
que me habites.

luizacaetano

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

DOCE BEIJO DE JUDAS

"DOCE BEIJO DE JUDAS"


Partem os amigos
para o reino do silêncio
.
Há um vai vém

no muro de

jerusalém

*



Anjos caídos
caminhos traídos

Que abandono
alarde
na seta envenenada
arde ainda no meu peito?

Um salgema de cristal
reflexo animal
de gesto inesperado


Se, perdoei
não esqueci
meu avesso de coragem

Rumor de preces mudas

no Muro das Lamentações



Para sempre essa mensagem

do doce beijo de Judas

súbito rumor de traições.


LuizaCaetano
25Julho2007